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sábado, 2 de setembro de 2017

DE TIMBAÚBA PARA O MUNDO - Alberto Lopes: “Sou eu que estou perdido no passado ou será que me achei no sonho?”


>>>>> O sempre lembrado jornalista Alberto Lopes tinha orgulho de suas raízes timbaubenses. Foi ele que prefaciou o livro Timbaúba Ontem e Hoje, volume 1, de Lusivan Suna, lançado em 1992. Daquele prefácio, colhemos algumas das suas impressões, um resgate  precioso de pessoas e coisas de um tempo que se foi.

      Uma salada na sorveteria com Egídio Ferreira Lima ao som do serviço de alto-falantes em cima da padaria de D. Maria do Carmo Pacheco. Uma loura suada no Café Condor de Artur Brandão. Uma partida de bilhar com Bráulio Queiroz no Timbaúba Esporte Clube. Os dribles sensacionais do “centerfór” Manezinho dos Santos.  José Cabral debaixo da barra fazendo defesas espetaculares no time do Esporte e tocando tuba na Quebra Resguardo.  Liga Lítero Atlética onde eu, Ramiro Brandão e Fernando Tavares fazíamos bailes para namorar e dividir os lucros.
       Na Barão de Lucena, esquina do beco da Fábrica, conversas na janela com Ciló, Lurdinha e Nicinha, casa pegada à dos Marinho de Josafá, Carlos, Luiz, Juraci e Jandira. Carlos Marinho queria me vender um cinema feito de pau por mil réis, eu só tinha quinhentos réis. Foi aí que eu perdi a grande oportunidade de empresário.
      Debaixo de um céu de estrelas, as conversas nas calçadas, calçada da minha casa, da minha vó Felícia e tia Júlia. Defronte, sempre mergulhado nos livros, estudando até alta noite morava José Pessoa de Morais, hoje sociólogo e escritor, que me ensinou os caminhos da boa leitura apontando-me Machado, José de Alencar, Graciliano, Menotti Del Picchia, Stefan Weig, Tolstoi. Na nossa calçada juntava-se Isnar Mouira, Zé Mendes, Odorico Tavares, Abelardo Lima, minha irmã Maria e as primas Esmeraldina e Ana Cabral. Ali bisbilhotavam sobre tudo, preços, modq, ensino, artes e artimanhas, momentos em que Odorico e Isnar diziam suas recentes poesias, todas saboreando os licores e alfenins que minha vó fazia. 
     Nas madrugadas, o nosso grupo de rapazes voltando de andanças memoráveis do outro lado da linha, na curtição de uma lua cheia de esperanças. Destacava-se a voz de Paulo Simplício, que dormia com Nietzsche debaixo do travesseiro, declamando as sentenças de Zaratustra e o amargor de Augusto dos Anjos.
         Mas...Oxente! Sou eu que estou perdido no passado ou será que me achei no sonho? Ou é a saudade, companheira do velho magro, saudade timoneira do meu presente navegante que me chama, me sussurra ao ouvido, que me promete, ainda, tudo o que não tive e que jamais terei embora tenha?

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