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sábado, 28 de maio de 2011

A cidade dorme e os dramas não descansam

Daslan Melo Lima

         Era uma dessas noites onde o sono demora a chegar, uma noite fria do inverno alagoano, numa época onde as mães colocavam os filhos para dormir cedo.  E foi numa noite assim que ouvi uma canção cujo som vinha da Amplificadora Municipal, um anexo da Prefeitura, onde o locutor Manoel Alemão divulgava sucessos musicais e assuntos de interesse da coletividade, transmitidos através de alto-falantes espalhados pelo centro da cidade. Não tinha televisão e as opções de lazer eram mínimas.
      “Silêncio na noite /está tudo calmo / a cidade dorme /ambição descansa...” A voz feminina cantava um canto longo e dramático. Eu não conseguia entender tudo, mas o início da canção ficou gravado para sempre nas minhas recordações.
     Talvez, naquele momento, eu fosse a única criança que ainda não tinha pegado no sono. Impaciente com as gotas d’água que caiam das telhas. Desejando muito possuir o que quase todos os meus colegas do Grupo Escolar Carlos Lyra tinham: um par de galochas e um casaco de frio, para que meus pés e meu corpo estivessem quentes quando eu fosse para as aulas nos dias chuvosos.
       Numa dessas últimas noites do inverno pernambucano, antes de dormir, fui pesquisar sobre aquela música na Internet.  Descobri que se tratava de Silêncio,  um tango argentino de Carlos Gardel (1890-1935).   “Silencio en la noche / ya todo esta en calma / el musculo duerme / la ambicion descansa (...) / Silencio en la noche / Silencio en las almas.” 
         Desliguei o computador e fui para o terraço da minha casa, onde se vê ao longe as casinhas simples de uma das encostas do Alto do Cruzeiro, um dos três morros de Timbaúba.  Chovia lá fora. Meditando sobre um tempo que se foi, para sempre se foi, não contive minhas lágrimas. Em algumas daquelas casinhas poderia estar algum garoto igual ao menino que um dia eu fui, sem poder dormir, impaciente com os pingos da chuva caindo dentro de casa, sonhando com agasalhos para os pés, para o corpo, para a alma...
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- Daslan Melo Lima, numa madrugada silenciosa de maio, enquanto lá fora a chuva cai, a cidade dorme e os dramas não descansam, ouvindo Carlos Gardel cantar Silêncio,
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3 comentários:

DASLAN MELO LIMA disse...

Comentário de Djalma Xavier de Almeida Jr, via e-mail
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Sua crônica me faz lembrar as noites chuvosas como a de hoje. Em que ao deitar, ao contrário, durmo um sono tranqüilo escutando o som que mais gosto de ouvir quebrar o silêncio das minhas madrugadas, o som das gotas de chuva, como já disse um poeta, “batucando no telhado”.

A chuva deveria cair todas as noites e o sol da manhã seguinte se encarregaria de enxugar as lágrimas do céu. Porém, antes de cair em sono feliz, bate-me uma tristeza ao pensar nas crianças que moram em áreas de risco ou que dormem com frio, debaixo de marquises. Então sempre peço aos bons espíritos que cuidem dessas crianças, como um dia cuidou de você e guiou-lhe num caminho de evolução permanente, e hoje você é, também, um desses bons espíritos, que reza por essas crianças.

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Mima disse...

Nossa! Interessante como as vezes pensamos que carregamos sentimentos e sensações tão nossas e resulta que encontramos um montão mais de gente sentindo o mesmo que a gente. Sempre tive as frases inicias desta canção em mente, minha mãe a cantava muito. Não sei dizer de que maneira e porque me impressionava tanto. Depois de adulta sempre que eu me cruzava com alguma madrugada ou cidade dormida essas palavras povoavam minha mente... Outro dia tentei encontrar a letra inteira na internet, e minha surpresa foi que encontrei umas duas ou tres postagens como a sua... Postagens em que escrevi o mesmo comentário que agora te faço... Alegria de sentir-me assim. Obrigada!!!

Neusa Regina Petry disse...

Esta música se não me falha a memória , quem a cantava era Dolores Duran.
"Eram cinco irmão, ela era uma santa, eram cinco beijos em todas as manhãs, que ela recebia em seu rosto amigo.... Silêncio na noite, está tudo calmo, a cidade dorme, a ambição descansa... Está tudo acabado, renascem as plantas e um hino a vida é o que todos cantam, e essa mãe querida, fica tão sozinha. Com cinco medalhas que por cinco heróis... a pátria.