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terça-feira, 28 de abril de 2009

SESSÃO NOSTALGIA - A APOTEOSE DAS MISSES

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Daslan Melo Lima

Em dezembro do ano passado, ao passar por um sebo do centro do Recife, encontrei uma pilha de recortes do Jornal do Commercio, do Recife, referentes ao ano de 1958.
Por conhecer o dono do sebo, em cuja banca já tinha adquirido algumas revistas antigas, pedi para manusear a preciosidade.
Foi aí que encontrei uma parte da página 11, da secção Sociedade, com uma belíssima crônica do jornalista Altamiro Cunha, A Apoteose das Misses.
Por conta do meu interesse e por ser cliente do sebo, ganhei do vendedor o recorte da crônica.



A APOTEOSE DAS MISSES, crônica de Altamiro Cunha, JORNAL DO COMMERCIO, Recife-Pernambuco-Brasil, Ano XXXIX, Número 73 - Domingo, 30 de março de 1958

Em tempo de nova ortografia, optei em transcrever o texto completo da crônica respeitando as regras gramaticais vigentes na época de sua publicação, dando um toque maior de documento a esta Sessão Nostalgia.


A APOTEOSE DAS MISSES


Misses que alteias emoções e confusões, de reinados velozes nas perdulárias ramificações dos vossos encantos, belezas fotogràficamente lúcidas e por vezes incompletas quando radiografadas na fria análise aos rebuscados anatômicos;

misses que no pedestal da vossa realeza, não podeis eximir-vos das opiniões favoráveis ou negativas sobre um esplendor de harmonioso encanto;

misses louras ou morenas, brancas num sortilégio lunar, da cor das filhas do sol, leves como pássaros, graciosas como bailarinas, emocionais nas curvas como tanto ousaram aquelas ninfas que foram esculpidas nos mármores gregos;

misses que alcançais o mérito supremo daquilo que um poeta chamou de “o triunfo imortal da carne e da beleza”, consagradas que sois nos campeonatos estéticos, eu vos admiro da mesma forma que vejo estrelas nas imutáveis temperaturas de inverno e verão!

Se os céus, conforme as estações, esfumam retratos radiantes, claro que ao meu pensamento só existem indúcias para que as misses demorem como estrelas em noites de verão.

Não vos sendo inconstantes as formas da natureza, certo ar feiticeiro a Ninon de Lenclos perdurará por muito tempo na consagrada plástica com que fostes favorecidas pelos bons fados. Contudo não deveis abusar dos creme de “chantilly” propícios ao alargamento desproporcional do busto e das ancas, e também (respeitosamente eu vos aviso) não sejais gulosas das toneladas de fatias de pão com manteiga que se permitem a indicações, ou para melhor, (o termo é mais exato) a improvisações de ventres frondosos, legítima figuração estética nesse santuário de harmonias que deve ser o corpo das misses.

Conservai uma expressão sonhadora e suave nos dias de fastígio, desprezando os gestos da “vamp”, - que sendo vaidosos na arte de agradar aos Baby Pignatari, de hábeis homenagens aos prazeres rápidos! – que merecendo aplausos da famulagem, só fâmulas aparecem quando não possuidores dos vossos encantos.

Guardai como exemplo de merecimento, a conduta excepcional de Emilia Correia Lima, a miss que sempre elevou o conceito dêsse concurso de beleza, com a soberania das dignas atitudes.

Misses! Eu vos exalto como elementos de uma sinfonia triunfal.

E torcendo ficarei para que Pernambuco mande êste ano ao Rio uma miss de rara formosura

ALTAMIRO CUNHA



.......Altamiro Cunha (Foto: Diario de Pernambuco, 15/10/1986).......


Altamiro Cunha, considerado o pai da crônica social pernambucana, morreu de parada cardíaca às 5 horas da madrugada de 14/10/1986, no Hospital dos Servidores do Estado, aos 80 anos de idade.

Os fãs da cearense Emília Corrêa Lima, Miss Brasil 1955, ao lerem esta Sessão Nostalgia, deverão ficar emocionados com a citação do seu nome como exemplo de conduta.
Sônia Maria Campos, Miss Pernambuco 1958, vice-Miss Brasil e sétima colocada no concurso Miss Mundo, ao tomar conhecimento desta página deverá se emocionar por ter sido aquela Miss de rara formosura que Altamiro Cunha desejava ver no Rio.
Por outro lado, os peruanos ficarão emocionados por não terem dúvida que, também desse lado de cá da América do Sul, a sua Gladys Zender, Miss Universo 1957, a imagem que ilustra a crônica, é uma legenda há 52 anos.

Finalizando, quero expressar às Misses de ontem e de hoje o meu eterno carinho, citando Altamiro Cunha:

Misses ! Eu vos exalto como elementos de uma sinfonia triunfal.

... Eu vos admiro da mesma forma que vejo estrelas...


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Um comentário:

Raimundinho Junior disse...

Oi Daslan,
Maravilha, realmente me emocionei com o comentário sobre Emília, somente você para nos trazer tamanha galhardia.
Obrigado,
Raimundo Junior