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sábado, 29 de novembro de 2008

SESSÃO NOSTALGIA - IEDA MARIA VARGAS, O ESPLENDOR DE UMA GERAÇÃO

Quando a gaúcha Ieda Maria Vargas desembarcou em Brasília, trazendo de Miami Beach o cetro, a faixa e a coroa de Miss Universo 1963, mais de mil pessoas estavam lhe esperando.

Brasília fez uma pausa nas suas atividades para homenagear a gauchinha que Miami reconheceu como a mais bela do mundo. Os estudantes foram liberados. E uma boa parte da população da Capital Federal se postou à margem da Avenida W-3, para vê-la passar em direção ao Hotel Nacional.


Depois de receber as homenagens de Brasília e do Presidente João Goulart, Ieda Maria Vargas chegou ao Rio, onde foi recebida como uma importante figura popular. Desfilou pela Avenida Rio Branco, no carro do Corpo de Bombeiros, acompanhada de Miss Estados Unidos e de Miss Guanabara, Vera Lúcia Maia. Dos edifícios foram atirados, sobre o carro de Miss-U, milhões de papéis coloridos. O povo, nas ruas, cercou-a carinhosamente.
(Revista O CRUZEIRO, de 07/09/1963, de onde foram reproduzidas as fotos que ilustram esta crônica, imagens do seu desfile na Av. Rio Branco, Rio de Janeiro)

A revista O CRUZEIRO ofereceu um almoço a Ieda Maria Vargas. Entre os presentes estavam: Marize Osers, Miss Estados Unidos; Phillip Botfeld, Diretor-Executivo do Miss Universo; Lincoln Gordon, Embaixador dos Estados Unidos; João Calmon, Deputado; Paulo Cabral, Diretor dos Diários Associados e Edílson Varela, Diretor-Executivo do concurso Miss Brasil.

Na ocasião, a Presidente da Empresa Gráfica O CRUZEIRO, Amélia Whitaker Gonçalves de Oliveira, filha de José Maria Whitaker, fez o seguinte discurso:

Ieda, você tem um fã em São Paulo. Fãs, você tem muitos. Porém, um, muito respeitável e respeitado. Tem 85 anos e é meu pai. Escreveu o seu ponto de vista, da velha geração, sobre a beleza.
Vou, com a permissão de todos, lê-lo.

“Não é coisa fácil um concurso de beleza. Tem a doçura de uma exaltação da feminilidade e infunde-nos o orgulho do sangue limpo que herdamos. Quando, porém, se realiza em círculo de cúpula, quando se torna uma competição universal, uma vitória como a vossa – testemunhando o esplendor de uma geração – exalta nosso patriotismo.

"E este triunfo, formosa flor de nossa bela terra, que eu, em nome dos velhos que acreditam no Brasil, em todas as suas manifestações, agradeceria comovido. Não só em meu nome. Mas no de todos os brasileiros, das mulheres e dos moços, que vêem na vossa beleza a alta vitalidade de uma geração, da geração que há de salvar, que há de elevar, que há de engrandecer o Brasil.”

Eu acho que não tenho, depois destas palavras, nada mais a dizer.


(O CRUZEIRO, 07/09/1963)


Leio e releio o texto de José Maria Whitaker e me comovo. Faço parte daquela geração que ele citou como a que haveria de salvar, de elevar e de engrandecer o Brasil.
Um arrepio invade minh’alma nesta ensolarada manhã pernambucana do último domingo de novembro de 2008.
O que fiz para honrar, salvar, elevar e engradecer o Brasil?
Pergunto ao silêncio e aos anjos invisíveis que me rodeiam e eles não respondem.
Mas vejo as fotos de Ieda Maria Vargas, Miss Rio Grande do Sul, Miss Brasil e Miss Universo 1963, e me conformo.
Pelo menos ela, com sua beleza, personalidade e caráter, permanece como um ícone dos anos 60, o esplendor de uma geração.


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sábado, 22 de novembro de 2008

SESSÃO NOSTALGIA - Mara de Carvalho Ferro, "A namorada que sonhei"

Daslan Melo Lima


       Mara de Carvalho Ferro, Miss São Cristóvão Imperial, não estava na lista das favoritas ao título de Miss Guanabara 1969. Era Maria Helena Leal Lopes, Miss Telefônica, que tinha o nome citado, de norte a sul do país, como futura Miss Guanabara, quiçá Miss Brasil, mas uma determinação do juizado de menores impediu sua participação no concurso, pelo fato de ter 18 anos incompletos. Mara de Carvalho Ferro despertou atenção ao desfilar de maiô na passarela do Miss GB, com seu tipo louro distribuído em 1,66m de altura, 86 cm de busto, 93 de quadris e 61 de cintura.



      No concurso Miss Brasil 1969, as duas primeiras colocadas agradaram em cheio: Vera Fischer, Miss Santa Catarina, primeiro lugar, e Maria Lúcia Alexandrino dos Santos, Miss São Paulo, segundo lugar. Para o terceiro e quarto lugares, outros nomes eram esperados, como Sueli Veras, Miss Amazonas, e Ana Maria Côrtes, Miss Minas Gerais. Mas a comissão julgadora decidiu contemplar Ana Maria Rodrigues, Miss Rio Grande do Sul, com o terceiro lugar, e Mara de Carvalho Ferro, Miss Guanabara, com a quarta colocação.

A contagem final dos jurados outorgou 54 pontos para Miss Santa Catarina, 32 para Miss São Paulo, 17 para Miss Rio Grande do Sul e 12 para Miss Guanabara. O quarto lugar foi, de todos, o mais duramente disputado, pois quando surgiram as oito finalistas, Miss Minas Gerais tinha 13 pontos, e Miss Amazonas empatava com a carioca. Se uma parte do público se pronunciava, a certa altura, mais pela amazonense do que pela Miss Guanabara, uma coisa deve ser dita em favor de Mara Carvalho Ferro: ela desfilou em estado de tensão, preocupada com a saúde do pai, que sofrera um enfarte há poucos dias. As demais candidatas tomaram conhecimento do ocorrido e prestigiaram-na. Como quarta classificada, ela representará o Brasil no novo concurso Maja Internacional, na Espanha(Revista Manchete)

“Olha, o mais difícil mesmo foi ser Miss Guanabara”, disse Mara Carvalho Ferro. Antes e depois de ser eleita a mais bela carioca, ela já tinha um futuro promissor à sua disposição: fazer cinema. Parafernália, sua estréia diante das câmaras, vai ser lançado em breve. Depois, fará o papel principal de Helena, Helena. (Revista Fatos & Fotos).



      Mara Carvalho atuou com Jece Valadão no filme Memórias de um Gigolô, de Alberto Pieralisi, mas não foi longe na carreira de atriz. A Miss GB 1969 também foi protagonista da fotonovela colorida A Namorada Que Sonhei, na revista Sétimo Céu, de fevereiro de 1970, ao lado do cantor Nilton César. O argumento foi inspirado na letra da música homônima, composta por Osmar Navarro e gravada por Nilton César, um dos maiores sucessos populares românticos brasileiros de todos os tempos.



      Na ficção, Mara era casada com um homem rico, uma união sem amor e mantida por interesses, a fim de evitar a ruína da família. Sua vida se cruzou com a de um jovem compositor e cantor humilde, protagonizado por Nílton César, que inscreveu a música A Namorada Que Sonhei em um concurso. No final feliz, o rapaz venceu a competição, a família da moça voltou a enriquecer, seu casamento terminou em desquite e ambos partiram para morar nos Estados Unidos.

      Nas imagens dos quadrinhos da fotonovela, conforme algumas cenas aqui reproduzidas, uma Mara Carvalho de cabelos soltos incentivava a fantasia de quem via nela a verdadeira musa da canção. Até hoje, ao ouvir a música, meu pensamento voa para Mara de Carvalho Ferro, Miss Guanabara, quarta colocada no Miss Brasil 1969, A Namorada Que Sonhei.




Receba as flores que lhe dou 

E em cada flor um beijo meu
São flores lindas que lhe dou
Rosas vermelhas com amor
Amor que por você nasceu 

Que seja assim por toda vida 
E a Deus mais nada pedirei 
Querida, mil vezes querida, 
Deusa na terra nascida 
A namorada que sonhei 

No dia consagrado aos namorados 
Sairemos abraçados por aí a passear 
Um dia, no futuro, então casados 
Mas eternos namorados 
Flores lindas eu ainda vou lhe dar 

Que seja assim por toda vida 
E a Deus mais nada pedirei 
Querida, mil vezes querida, 
Deusa na terra nascida 
A namorada que sonhei


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sábado, 15 de novembro de 2008

SESSÃO NOSTALGIA - Dione Oliveira, a flor dos campos

Daslan Melo Lima

          Para muitos brasileiros, era ela, Dione Brito de Oliveira, Miss Pernambuco, e não Vera Regina Ribeiro, Miss Distrito Federal, quem deveria ter saído do Maracanãzinho, naquela noite de 20/06/1959, com o manto, a faixa, o cetro e a coroa de Miss Brasil 1959. Dione Oliveira foi a segunda colocada e ganhou o direito de viajar a Londres para representar o Brasil no concurso Miss Mundo.
          Em 1º/08/1959, a revista Mundo Ilustrado, uma das mais importantes publicações brasileiras da época, colocou Dione Oliveira na capa, embora a chamada fizesse referência ao concurso Miss Universo, que estava sendo realizado em Long Beach. A reportagem sobre as preliminares do Miss Universo tinha seis páginas. A matéria sobre Dione Oliveira tinha quatro páginas e sete fotos mostrando o seu retorno à cidade de Caruaru.



Abaixo, na íntegra, o texto da revista Mundo Ilustrado, reportagem de Vivone Ítalo e fotos de João Mendes.


EM CARUARU DIONE JÁ É MISS MUNDO 

DIONE TEM NOME TROCADO: 

DEVIA CHAMAR-SE DIACUÍ, A FLOR DOS CAMPOS

          Caruaru engalanou-se para receber sua bela filha que representará o Brasil, em Londres, no próximo certame de Miss Mundo, em outubro do corrente ano. Quase todos os seus 80 mil habitantes foram às ruas para ovacionar a moça que projetou, ainda mais, a segunda cidade pernambucana no cenário nacional.




          O jardim Siqueira Campos e a Avenida Rio Branco eram os pontos máximos da concentração popular. Ali foi armado um palanque para que Dione Oliveira saudasse seus amigos caruaruenses. Seu pai, Sr. Dirceu Valença Oliveira, e o prefeito da cidade, Sr.João Lira, a estavam esperando no palanque. O prefeito entregou a Dione a chave simbólica do município. Dione governou Caruaru por um dia e meio.
           A uns quinhentos metros do centro da cidade aguardava a comitiva da Vice-Miss Brasil um exército de lambretistas uniformizados, os Falcões Alvinegros e Dragões Alvirrubros, que seriam os batedores do desfile. Dione, em carro aberto, percorreu quase toda a cidade fundada por João Rodrigues do Nascimento. Seu carro era o último. 
          À sua frente, também em carros abertos, iam Miss Bahia, Srta. Maria Eutímia, e representantes dos maiôs Catalina. Muitos fogos, confetes e serpentinas saudaram a volta de Dione a sua terra natal. Aos gritos de “Dione já é Miss Mundo” o povo acompanhou-a até o Hotel Centenário, onde lhe foi oferecido um banquete. 

          Em virtude das festividades, foram adiados dois comícios políticos. Caruaru está em campanhas eleitorais.




          “Eu deveria ter batizado Dione de Diacuí, porque minha filha é mesmo uma flor dos campos”, disse emocionado o pai de Miss Pernambuco no discurso que fez no banquete, ao qual estavam presentes figuras da sociedade local, imprensa de vários estados, familiares, representantes dos maiôs Catalina, Germainne Monteil Produtos de Beleza, que maquiou Dione desde o concurso de Miss Brasil, e Lóide Aéreo, que transportou todas as misses, de Norte a Sul, ao concurso de Miss Brasil, no Rio de Janeiro. Tomaram parte no ágape 44 pessoas.



         O Clube Intermunicipal de Caruaru recepcionou Dione e sua comitiva em sua sede provisória. Fazia parte do programa, além do baile, um desfile, em “avant-première”, de Dione Oliveira, com maiô de prata, ofertado pela Catalina, o mesmo que será usado em Londres. 
         Assim que Dione assomou à passarela (onde conquistou o título de Miss Caruaru) todos, de pé, aplaudiram-na, delirantemente. Dione pisou firme e dominadora, arrancando lágrimas dos mais emotivos. Desfilou, também, com o vestido que Marcílio Campos idealizou para ela, por ocasião do concurso de Miss Brasil, no Maracanãzinho. O Intermunicipal ofertou-lhe um riquíssimo colar de pérolas. É a primeira vez que o Clube faz uma Miss Pernambuco e, segundo seus diretores, fará as próximas. 
          Na manhã seguinte a todas essas festividades, dia em que Dione teria que voltar ao Recife, em trânsito para o Rio de Janeiro, onde a esperam cursos de retórica e inglês, patrocinados pelo Lóide Aéreo Nacional, que promoveu a ida a Pernambuco de grande parte da comitiva de Dione, a reportagem de MUNDO ILUSTRADO antecipou-se às homenagens que a Municipalidade havia reservado para as poucas horas que ainda iria permanecer em Caruaru, tirando-a do hotel logo às 8 horas.
          Dione foi levada a pontos pitorescos da progressista cidade do interior pernambucano e para a fazenda Normandia, bem afastada da cidade, de propriedade do Sr.Pietro Carneiro, para efeito de fotografias. O pai de Dione não gostou de seu desaparecimento. “Minha filha não mais irá a Londres. os senhores raptaram minha Dione”, disse o Sr.Dirceu Valença Oliveira à reportagem, quando Dione voltou à Caruaru. 


          Prosseguiu: “ Imagine-se o que o povo da cidade irá dizer e comentar quando souber que Dione esteve num carro, sozinha, com vários homens, para ser fotografada por diversos cantos da cidade e fora dela.” 

          O velho Dirceu não entendia bem nossa missão. Homem do interior, não está acostumado com o que se faz na cidade. Explicamos ao pai de Dione que estávamos em plena função do nosso trabalho, e que nada havia de mais que pudesse colocar em jogo a reputação da sua filha. A muito custo nos entendeu, e ficou o dito pelo não dito. 
          Dione irá mesmo a Londres, mas que passamos maus bocados, lá isso passamos. O homem telegrafou, até, a Recife, noticiando sua decisão. Mandou um desmentido.




          Dione Oliveira representou muito bem o Brasil no concurso Miss Mundo 1959, embora não tenha sido classificada. Morando hoje na Alemanha, onde morre de saudades do Brasil, Dione com certeza vai ler esta Sessão Nostalgia e se emocionar com esta página a ela dedicada.

          Na Caruaru de hoje, com quase 300 mil habitantes, quarenta e nove anos depois, o nome de Dione, a flor dos campos, é citado com orgulho e cultuado como uma lenda, a lenda viva da Miss Mundo Brasil 1959.

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sábado, 8 de novembro de 2008

SESSÃO NOSTALGIA - Concurso Miss Pernambuco 1988

Daslan Melo Lima


          No ano do centenário da abolição da escravidão no nosso país, Pernambuco elegeu uma belíssima negra para disputar o título de Miss Brasil. E eu estava lá, atento a tudo, no Clube Internacional do Recife, naquela noite quente de 19 de março de 1988. Um público estimado em 10 mil pessoas lotava o tradicional clube da Praça Benfica. Mais de trinta garotas, representando cidades do interior, clubes esportivos e demais entidades, disputaram o título.

FICHA TÉCNICA DO EVENTO


          O Projeto Miss PE 1988 teve uma comissão de realização composta por José de Souza Alencar (Alex), José Mário Austregésilo, Carlos Gilberto (Caluca) e Roberto Uchoa (diretores comerciais do JC-Jornal do Commercio e da TV Canal 2, respectivamente), sob a supervisão de Sérgio Moury Fernandes, diretor administrativo-financeiro da empresa.

Realização: Empresa Jornal do Commercio;
Transmissão: TV Jornal, Canal 2, equipe técnica dirigida por Luiz de França, com Adel Barros na orientação e seleção de imagens;
Apresentação: José Mário Austregésilo e Maria do Carmo Rossiter;
Produção artística: Ednaldo Lucena e Geraldo Silva;
Coordenação: Xuruca Pacheco, Hilda, Fernando Machado e Mucíolo Ferreira. (Este último, ao lado de Dora Passos, foi o responsável pela descoberta de várias misses para o concurso);
Decoração do palco: José de Melo;
Coreografia: Romildo Alves;
Linha de beleza dos produtos do concurso: Happy World;
Maquiagem oficial: A.C.Coutinho (Henrique Mello, Ricardo Santa Clara, Lusy e Liliane);
Cabeleireiro: Evandro, assessorado por Gilberto Brayner, Sérgio Stefany e Baar.
Chaperona: Maria Eunice Mergulhão, Miss Pernambuco 1968;
Manto e a faixa da Miss Pernambuco 1988: autoria de Lenir Rodrigues.

AS ATRAÇÕES MUSICAIS

          Atrações musicais da noite: Recife Banda Show, dirigida por Dimas Sedícias; Dalva Torres; Conjunto Pernambucano de Choro; Savinho e seu Grupo de Forró e Leonardo Sullivan (na época apenas Leonardo, não confundir com o Leonardo da dupla sertaneja Leandro e Leonardo).



AS CONCORRENTES


Em ordem alfabética, as 10 finalistas do histórico concurso Miss PE 1988 :


Bandepe – Maria Eimar da Conceição Pedrosa Rodrigues;
Clube Internacional do Recife – Andréa de Andrade Minelli;
Clube Rodoviário - Ana Maria Guimarães;
Esplanada – Ana Paula Menezes;
Itamaracá - Denir de Melo Santos;
New Look – Tereza Catarina Santos Coelho;
Sport Club do Recife - Valérie La Verne Acioli Lins Nielsen;
Vitória de Santo Antão – Ivana Kalina Moraes Galvão;
Voga – Rosamairy Pinto da Silva;
Wanderley Cabeleireiros – Ana Cláudia Pessoa Romão.

As demais concorrentes:

Além do Túnel – Itamira Andrade;
Antena 1 – Avany Alves Duarte;
Arcoverde - Kátia Espírito Santo;
Bibelô - Maria Edna Alves Wanderley;
Cabanga – Magna Carneiro da Cunha;
Cabo - Maria do Socorro Almeida;
Caixa Econômica – Clóris Mendonça Filha;
Carpina - Tereza Feitosa;
Caruaru - Wanbeci de Brito;
Clube dos Oficiais da Polícia Militar – Silvana Ferreira Frade;
Condoservice – Tereza Jaqueline Gusmão de Oliveira, Miss Simpatia;
CriCris - Gliss Freire;
Eletra – Andrea Carla Ribeiro Campos;
Ibimirim - Ceane Neube Gomes;
Itambé – Cínara Costa Guimarães;
Jaegge – Laura Carneiro de Lima;
Mocidade da Boa Vista – Nelma Simone Arcoverde;
Olinda - Cláudia Rejane Duarte;
Paulista – Maria da Conceição Santos Lima;
Petrolina - Lucielma Araújo;
Pierrot de São José - Waldênia de Souza Melo;
Quinta Estação - Fátima Adriana Pires Ferreira;
Sirinhaém - Solange Monteiro Melo.
Votorantim - Ana Carolina Leal.

AS FAVORITAS NO TOP 4

          Das 10 finalistas, quatro foram anunciadas para compor um inesquecível Top 4, exatamente as favoritas. Antes, o apresentador perguntou a cada uma quem seria a Miss Pernambuco 1988. Todas responderam: Miss Rodoviário. Quando chegou a vez de Ana Maria Guimarães responder, a resposta foi : Miss Esplanada.


Da esquerda para a direita: Andréa de Andrade Minelli, Miss Clube Internacional do Recife, segundo lugar; Ana Maria Guimarães, Miss Clube Rodoviário, primeiro lugar; Valerie La Verne Acioli Lins Nielsen, Miss Sport Club do Recife, terceiro lugar e Denir de Melo Santos, Miss Itamaracá, quarto lugar.



Ana Maria Guimarães, Miss Clube Rodoviário, primeira colocada, 19 anos de idade (a completar no dia 31 de maio), 1 metro e 80 centímetros de altura, conquistou a todos logo no desfile de gala, quando surgiu com um laço no cabelo e um vestido de jérsei prateado e renda francesa preta, criação da estilista Nícia BarbalhoEla foi penteada e maquiada por Almir José da Paixão e os fotógrafos foram unânimes ao lhe darem o título de Miss Fotogenia. Estudante de Psicologia da Faculdade de Filosofia do Recife, filha de um sargento da aeronáutica, Ana Maria Guimarães era carioca, mas veio morar no Recife quando era criança.

Andréa de Andrade Minelli, Miss Clube Internacional do Recife, segunda colocada, uma ruiva estudante de Fonoaudiologia da Universidade Católica de Pernambuco, foi penteada e maquiada por Almir José da Paixão e usou um vestido feito por Paulo Carvalho.

Valérie La Verne Acioli Lins Nielsen, Miss Sport Club do Recife, loura, terceira colocada, tinha um rosto belíssimo. Muito aplaudida no desfile de maiô, era estudante de jornalismo da Universidade Católica de Pernambuco e foi penteada e maquiada por Jaime MeloValerie La Verne é hoje um nome de prestígio no cenário das artes plásticas, uma talentosa escultora elogiada pela crítica especializada.

Denir de Melo Santos, Miss Itamaracá, morena, quarta colocada, era estudante de Marketing, tinha muita classe e usou um modelo branco com a assinatura de Jan de Souza.

MAIS DETALHES


          O calor que fazia naquela noite de março de 1988 era muito grande. No desfile de traje de banho era visível o suor que escorria pelos corpos da maioria das candidatas. Perspicaz, José Mário Austregésilo, em certo momento da apresentação, disse mais ou menos assim, ao anunciar uma Miss que transpirava muito: No calor do Miss PE 1988, desfila na passarela...

          A Miss Condoservice, Tereza Jaqueline Gusmão de Oliveira, eleita Miss Simpatia, passou mal nos camarins e precisou de socorro urgente, mas logo se restabeleceu.

          Além das quatro primeiras colocadas, outras Misses também tinham um bom nível de escolaridade: Ana Carolina Leal, Miss Votorantim, cursava o oitavo período de Medicina na Universidade Federal de Pernambuco; Magna Carneiro da Cunha, Miss Cabanga, era formada em Relações Públicas pela Universidade Católica de Pernambuco; Silvana Ferreira Frade, Miss Clube dos Oficiais da Polícia Militar, cursava o terceiro ano de Nutrição na Universidade Federal Rural de Pernambuco; Fátima Pires Ferreira, Miss Quinta Estação, era estudante de Direito.


Na plateia e na comissão julgadora, muita gente importante da sociedade pernambucana. Na foto acima, dois membros do júri, ambos já falecidos, verdadeiros ícones de Pernambuco, o estilista Marcílio Campos e a grande dama Helena Pessoa de Queiroz Gomes.

          Ivana Kalina Moraes Galvão, Miss Vitória de Santo Antão, uma das 10 finalistas, morena de olhos azuis, um dos mais belos rostos do concurso, arrancou muitos aplausos. Muita gente comentou sua semelhança com a atriz Ava Gardner. A cor dos olhos lindos de Ivana Kalina era verdadeira, pois na época ninguém falava em usar artifícios como lentes de contato. E lindos também eram os olhos de Valerie La Verne, Miss Sport, terceira colocada, e de Maria Eimar da Conceição Pedrosa Rodrigues, Miss Bandepe, uma das 10 finalistas.

          Vale ressaltar aqui a persistência de muitas jovens na busca por um cobiçado título de beleza. Maria Eimar da Conceição Pedrosa Rodrigues, Miss Bandepe, finalista, oito anos antes tinha ficado em segundo lugar no Miss Pernambuco 1980, representando o BNB-Club. Ana Cláudia Romão, Miss Wanderley Cabeleireiros, outra finalista, classificou-se em terceiro lugar no Miss Mundo Brasil 1990, realizado em 22/09/1990, no auditório do Centro de Convenções de Brasília. Ana Cláudia Romão perdeu para Karla Cristina Kwiatkowski, do Paraná, primeira colocada, e para Leila Cristine Schuster, do Rio Grande do Sul, segunda colocada. Em 1988, Karla Cristina Kwiatkowski tinha sido semifinalista e Miss Simpatia no Miss Brasil. Em 1993, Leila Cristine Schuster foi Miss Brasil e semifinalista no Miss Universo.

EPÍLOGO




          Ana Maria Guimarães, após receber a faixa, manto e coroa das mãos de Margarida Brasileiro, Miss Pernambuco 1987, fez seu desfile majestoso ao som da famosa música Getting To Know You, sem se perturbar com a insatisfação de quem preferia a vitória de outra candidata.

          Ana Maria Guimarães, uma verdadeira deusa de ébano, poderia ter ido mais longe no concurso Miss Brasil 1988, vencido por Isabel Crstina Beduschi, Miss Santa Catarina, quando a maioria apostava em Vanessa Blumenfeld Magalhães Victal, Miss Bahia, segunda colocada. Mas só deram a Ana um lugar entre as semifinalistas. A Miss PE 1988 chegou a desfilar para grandes nomes da moda no Brasil e passou uma temporada trabalhando como modelo na Europa.

          Guardo há 20 anos várias reportagens que o Jornal do Commercio, do Recife, publicou sobre o Miss Pernambuco 1988. Foi a elas que recorri na hora de formatar este texto e de onde reproduzi as fotos que ilustram esta Sessão Nostalgia. Jamais esquecerei o histórico concurso Miss Pernambuco 1988 e suas finalistas, mulheres maravilhosas, dignas das glórias e dos aplausos dos principais certames de beleza do mundo.

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sábado, 1 de novembro de 2008

SESSÃO NOSTALGIA - Maracanãzinho, 03/07/1965, a história de uma vaia

Daslan Melo Lima


      Maracanãzinho, Rio de Janeiro, 03/07/1965, noite da eleição da Miss Brasil 1965. 
A tradicional passarela em forma de ferradura foi substituída por outra com o símbolo do quarto centenário da cidade do Rio de Janeiro. A grega Kiriaki Tsopei, Miss Universo 1964, e mais de duas dezenas de jovens que participariam do Miss Universo 1965 eram convidadas especiais. Vinte e cinco lindas brasileiras desfilaram na passarela em busca do sonho mágico de ser eleita Miss Brasil 1965. A preferida do público era uma morena chamada Marilena de Oliveira Lima, Miss Mato Grosso, quarta colocada. Por causa dela, o Maracanãzinho, o templo da beleza nacional, conheceu a maior vaia de sua história.

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As oito finalistas do Miss Brasil 1965. Da esquerda para a direita:
Sandra Penno Rosa, Miss São Paulo, 2º lugar;
Berenice Lunardi, Miss Minas Gerais, 3º lugar;
Marilena de Oliveira Lima, Miss Mato Groso, 4º lugar;
Maria Raquel Helena de Andrade, Miss Guanabara, 1º lugar;
Rosemary Raduhy, Miss Paraná, 6º lugar;
Solange Leão, Miss Espírito Santo, 8º lugar;
Ilce Ione Hasselmann, Miss Estado do Rio, 5º lugar;
Marilda Mascarenhas da Silva, Miss Bahia, 7º lugar.
- Foto:  revista Manchete

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Pela primeira vez, na história da eleição do Miss Brasil, ninguém ficou satisfeito. O público vaiou o resultado final, os observadores autorizados acharam que alguma coisa estava errada, e os próprios jurados manifestaram, de diversas formas, o seu desagrado, dando a entender que o veredito não correspondia, de forma alguma, à vontade soberana do júri.
Acontece que o modo pelo qual é avaliada a opinião dos julgadores, obedece a um complicado critério aritmético, que mais tarde é submetido à manipulação por parte de uma pessoa que não pertence ao júri. Essa pessoa conta os diferentes pontos, faz a soma e tira a conclusão.

Alguns dos membros do júri deste ano confessaram que, tendo em vista o critério aritmético, tudo correu honestamente no Maracãnazinho.
“Mas – acrescentaram – o critério usado não é o melhor. Se temos oito finalistas, tudo seria muito simples se nos mandassem escolher nominalmente, entre as oito, as três favoritas. Então, cada um de nós indicaria: Fulana de Tal deve ser Miss Brasil. Aquela que obtivesse a maioria de votos seria naturalmente a eleita. No entanto, nada disso aconteceu. A eleição foi limpa, mas a verdade é que muitos de nós estávamos torcendo pela Miss Mato Grosso, e não podemos compreender como ela foi parar no quarto lugar.”

Conclusão: o concurso torna complicado o que deveria ser simples. Conseqüência: 12 minutos de vaia, e a necessidade de escolta policial para que os jurados podessem sair do estádio. E, no meio de tudo isso, uma graciosa pessoa teve que demonstrar extraordinária coragem moral. A nova Miss Brasil, Maria Raquel de Andrade, já ornada com a coroa e o manto real, desfilou lentamente, majestosamente, maravilhosamente, diante de 40 mil pessoas enfurecidas. Ela merecia a vitória e não teve culpa de nada. As vaias não lhe eram endereçadas. Foi necessário que ela vivesse esse momento dramático, esse terrível equívoco, para que a opinião pública começasse a exigir a modificação do regulamento de escolha de Miss Brasil. Esperemos que no ano que vem o povo possa voltar inteiramente feliz para casa, depois de ter visto a mais bela Miss desfilar sob os aplausos de todos.
- Manchete, 17/07/1965

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Marilena de Oliveira Lima, Miss Mato Grosso
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Maria Raquel Helena de Andrade, Miss Guanabara. 
Fotos: Manchete
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No Maracanãzinho mais cheio de todos os concursos de Miss Brasil, o público dividiu-se desde os primeiros momentos do desfile. De um lado, a favorita era Miss Mato Grosso, a morena Marilena de Oliveira Lima, que em todas as prévias feitas era apontada como a mais cotada para Miss Brasil-65; de outro, de narizinho arrebitado e doce sorriso, Miss Guanabara, Maria Raquel de Andrade, do Botafogo. As duas marcaram a grande noite, inspiraram vaias e aplausos. A desclassificação de Marilena provocou protestos como o Maracanãzinho não vira antes, chegando a assustar o júri.

Duas surpresas para o público: Miss Mato Grosso, que era a mais cotada desde o início, não figurou entre as três finalistas; e Miss Alagoas, uma das mais bonitas concorrentes, não ficou sequer entre as oito primeiras. A primeira, a morena Marilena, era a forte rival de Maria Raquel e a eleita do povo. A segunda, Mary Grace, contava com muita simpatia, inclusive entre as misses internacionais (Kiriaki Tsopei, Miss Universo-64, chegou a afirmar que Grace era a sua preferida para o mais alto título da beleza brasileira).

Ninguém pode contar o roteiro das vaias. Foram tantas e tão compactas, tão seguidas, que foi impossível cronometrá-las. Entretanto houve uma - um vaião - que ficou na memória do Rio. Foi uma das maiores dos últimos 10 anos. Esta vaia gigante foi assestada contra o júri, que optou pela loura do Botafogo e só deu o 4º lugar para a moça de Mato Grosso, a favorita das arquibancadas. Foi tão forte a vaia que os membros do júri ficaram com medo. E pensaram sair de mansinho. Pediram policiamento reforçado. E alguns trocaram de roupa, para não serem identificados. 


Evandro Castro Lima, que foi do júri, disse que nunca mais aceitaria a missão. Discordou do tipo de julgamento – do processo de votação por notas – que possibilitou vitórias não previstas. Idem foi a opinião de Oscar Santamaría, juiz internacional, que criticou violentamente o sistema de votar. Claude Berr, coordenador do Miss Europa, figura também do júri, estava desesperado. “What can I do?”, repetia pelos corredores. Na sua opinião, o júri votou certo, mas errou na pontaria. Houve qualquer coisa – que não foi marmelada - que atrapalhou a votação. Naturalmente o processo de votação.

Todas as misses internacionais – exceção da risonha alemã – ficaram alarmadas com as vaias. Miss Áustria saiu dizendo, em inglês, que todo mundo ali era maluco. A suave Miss Índia chegou a tremer de susto. Idem as eslavas, com Miss Finlândia nervosa. Essas moças, que freqüentaram passarelas calmas, educadinhas, formais, não esperavam topar com o rompante espontâneo de uma platéia latina. O medo dominou-as. Elas chegaram mesmo a pensar que o povo, revoltado contra o veredicto do júri, fosse afinal estraçalhá-las.
- Revista O Cruzeiro, 24/07/1965


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Mary Grace Oiticica Bandeira, Miss Alagoas. (Foto: Manchete)
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      Diante dos comentários acima, não há dúvida alguma que, se o critério de julgamento tivesse sido simples, direto e objetivo, Marilena de Oliveira Lima teria sido eleita Miss Brasil 1965. E a minha conterrânea Mary Grace Oiticica Bandeira teria ficado, no mínimo, entre as oito finalistas.

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SESSÃO NOSTALGIA

Marilena de Oliveira Lima, Miss Brasil Adotiva do Povo 1965


Transcrição de textos e fotos da Sessão Nostalgia de 13/11/2010. 

Por Daslan Melo Lima



                   MARILENA, UMA ESTRANHA BELEZA DE GATA SELVAGEM

  
           Quando Marilena de Oliveira Lima, Miss Mato Grosso, deixou o Maracanãzinho de madrugada após o concurso Miss Brasil, em que o júri a classificou em quarto lugar, ainda havia gente junto aos portões, esperando para aplaudi-la. A derrota não a abalou; sorria para os seus fãs como se tivesse sido a grande vitoriosa da noite. O pai a esperava à saída, para o abraço de solidariedade. O público quase rompeu os cordões de isolamento para vê-la mais de perto. Menos de duas horas antes, quando ainda desfilava, a multidão manifestava de maneira categórica sua preferência. A cada volta na passarela soavam aplausos. E a torcida não escondeu sua decepção quando descobriu que sua favorita não estava entre as três primeiras colocadas. Estrondosas vaiais encheram o estádio. Detentora de nove títulos de beleza, era a primeira competição que Marilena perdia. Mesmo derrotada, o público a consagrava: a vitória das palmas era sua.


          Agora, Marilena voltará a Mato Grosso. Em Campo Grande, onde mora, continuará sua vida como ela tem sido: os estudos, os passeios a cavalo, os mergulhos na piscina do Rádio Clube e as fugas para caçadas nos fins-de-semana.


Corpo de Miss, aos 16 anos. Uma estranha beleza de gata selvagem.

           Seus olhos de índia selvagem já eram lindos quando nasceu. Aos dois anos, a vaidade feminina acordava nela o espírito de moça elegante, que cultiva até hoje. Não deu muito trabalho aos pais porque tem natureza dócil e meiga. Mas não resistiu à tentação de fugir para realizar caçadas nos campos e cerrados de Mato Grosso. Aprendeu logo a atirar e hoje muito raramente erra dois tiros seguidos. No ginásio, aprendeu a tocar tambor e desfilou com a fanfarra. Aulas de balé, pintura e piano completaram sua educação. Eis, em resumo, o que tem sido, dos 2 aos 18 anos, a carioquinha que os pais registraram em Mato Grosso e trouxeram ao Rio, no IV Centenário, para concorrer ao título de Miss Brasil.
Revista Sétimo Céu
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MARILENA, SONHO DE RONDON

Miss Mato Grosso, Marilena de Oliveira Lima, apresentou a alegoria Sonho de Rondon, concebida pelo costureiro Heck Santos. O cocar amarelo e azul é belíssimo. 
- Revista Manchete, 17/07/1965
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 MARILENA ENTRE AS OITO FINALISTAS DO MISS BRASIL 1965

As oito finalistas do Miss Brasil 1965. Da esquerda para a direita: 
Sandra Penno Rosa, Miss São Paulo, 2º lugar; 
Berenice Lunardi, Miss Minas Gerais, 3º lugar; 
Marilena de Oliveira Lima, Miss Mato Groso, 4º lugar; 
Maria Raquel Helena de Andrade, Miss Guanabara, 1º lugar; 
Rosemary Raduhy, Miss Paraná, 6º lugar; 
Solange Leão, Miss Espírito Santo, 8º lugar; 
Ilce Ione Hasselmann, Miss Estado do Rio, 5º lugar; 
Marilda Mascarenhas da Silva, Miss Bahia, 7º lugar. 
(Foto: Manchete, 17/07/1965)
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MARILENA ENTRE AS 4 MAIS BELAS DE 1965

O Top 4 do Miss Brasil 1965 em traje de gala. Da esquerda para a direita: 
1 – Maria Raquel, a nova Miss Brasil, foi bastante aplaudida ao desfilar neste belo vestido de tule cor-de-rosa, inteiramente bordado em pedrarias. O público vaiou o veredicto, mas achou justo que ela figurasse entre as três primeiras. 
2 – Também Miss São Paulo, Sandra Rosa, fez valer a sua classe num bonito vestido em dois tons de dourado. 
3 – Miss Minas Gerais, Berenice Lunardi, impressionou pelo porte monumental. Estava linda num vestido vermelho plissado, com estola da mesma cor. 
4 – Miss Mato Grosso, Marilena de Oliveira Lima, conquistou, fulminantemente, 40 mil espectadores do Maracanãzinho e seis milhões de telespectadores. Os próprios jurados não ficaram contentes com a sua ausência entre as finalistas. 
- Manchete, 17/07/1965
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MARILENA, MISS BRASIL ADOTIVA DO POVO 1965


          Marilena de Oliveira Lima, por motivos independentes da sua vontade, ficou no centro da controvérsia no Maracanãzinho. É a Miss Brasil Adotiva do Povo. A diplomacia decidiu fazer a felicidade de Miss Mato Grosso, Marilena de Oliveira Lima. No Ministério das Relações Exteriores, lhe deram o título de Miss Itamarati. E agora se anuncia que ela poderá ir a Maiorca, onde todos os anos se realiza, diplomaticamente, a eleição de Miss ONU.
          No tempo de Sthendal, a forma  mais espetacular de entrar para a sociedade era através de um duelo. Hoje em dia, a maneira mais prática de alcançar a fama é despertar controvérsia. Ou seja, na definição um tanto cínica de um escritor: “Falem mal, mas falem de mim.” Com Marilena, porém, a controvérsia é a favor. Todos falam bem dela. Ela é a miss que não ganhou a coroa; mas merecia ganhar. Assim ao menos julgou o povo, que lamentou ter sido ela prejudicada por uma inexistente lei das inelegibilidades. Miss Mato Grosso tem uma pele morena belíssima, e é toda encanto. Ela aceitou esportivamente a desclassificação. Mas, como vivemos numa democracia, foi procurada uma fórmula mais prática de fazer valer a vontade do povo. Assim, em Maiorca, poderá tornar-se Miss ONU. 
 Revista Manchete
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          Segundo a revista Fatos & Fotos, após ser  anunciado o resultado do concurso Miss Brasil 1965, a mãe de Marilena de Oliveira Lima, entre desconsolada e decepcionada, declarou: “ O Brasil acaba de perder o título de Miss Universo. Minha filha era a única que tinha condições de trazê-lo.”
           Maria Raquel de Andrade, Miss Guanabara, Miss Brasil 1965, ficou entre as quinze semifinalistas do Miss Universo 1965, ano em que a vencedora foi Apasra Hongsakula, Miss Tailândia. Sandra Penno Rosa, Miss São Paulo, Vice-Miss Brasil, foi a quinta colocada no Miss Beleza Internacional, vencido por Ingrid Finger, da Alemanha. Berenice Lunardi, Miss Minas Gerais, terceira colocada no Miss Brasil, não obteve classificação no Miss Mundo, cuja vitoriosa foi a inglesa Lesley Langley.
          Como teria sido a performance de Marilena de Oliveira Lima em um desses concursos ? Não sei. Ninguém sabe. Só sei que Marilena de Oliveira Lima foi a Miss Brasil Adotiva do Povo 1965, um título original, feliz e único dado por  Manchete, uma das mais importantes revistas que já circularam por este nosso imenso país-continente.
             Para você, Marilena de Oliveira Lima, Miss Brasil Adotiva do Povo 1965 , minha singela homenagem neste novembro de 2010 que logo mais será parte de um tempo mágico que se foi, como aquele julho de 1965, de tantas emoções e recordações.

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